Por Antonio Carlos Jorge
As Escolas de Mistérios
As escolas de mistérios foram instituições que floresceram no passado remoto, pré-cristão, onde tinham por objetivo ministrar através de iniciações, o conhecimento que transcende a realidade humana.
Os mistérios se dividiam em menores e maiores, sendo os primeiros de cunho exotérico e o segundo de teor esotérico (oculto), onde, através de ritos e encenações de mitos, eram transmitidos aos postulantes os ensinamentos sobre a vida interior, a vida do espírito, a sua verdadeira origem e seu nobre destino, ou seja, ensinamentos sobre o processo da evolução da vida.
Qualquer homem ou mulher poderia postular a iniciação, ao menos nos mistérios menores, os quais eram celebrados com festividades, danças, culminando com o ágape de união entre os presentes e estes com a divindade, por meio do banquete onde eram fornecidos alimentos e bebidas, como símbolo sacramental do compartilhamento fraternal.
A finalidade principal era aniquilar o temor à morte e incutir a certeza da vida do espírito, o que possibilita o desenvolvimento da inteligência, da sabedoria e a conseqüente condução da vida dentro de altos princípios puros e nobres.
Os mistérios menores eram divididos geralmente em quatro etapas, envolvendo a purificação, realizada por banhos e abstinência de certos alimentos, a transmissão do conhecimento feita pelo sacerdote ou hierofante, o rito envolvendo a revelação de símbolos sagrados, objetos e imagens, apresentação de cânticos, danças ou dramatização e finalmente o ágape já comentado.
Há registro de que Platão, Heródoto, Sólon, Pitágoras, Demócrito, Thales de Mileto, entre outros, foram iniciados, assim como Jesus, Salomão e Moisés, pela natureza do conhecimento por eles legado.
Existiram várias escolas de mistérios, as quais são citadas no quadro acima, podendo-se fazer a correlação das similaridades entre as mesmas, verificando tratar-se da mesma fonte de origem, embora com particularidades próprias da cultura de cada povo, com seus mitos e tradições específicos, mas sem fugir do fundamento principal, que era o da redenção humana.
As Escolas de Mistérios
As escolas de mistérios foram instituições que floresceram no passado remoto, pré-cristão, onde tinham por objetivo ministrar através de iniciações, o conhecimento que transcende a realidade humana.
Os mistérios se dividiam em menores e maiores, sendo os primeiros de cunho exotérico e o segundo de teor esotérico (oculto), onde, através de ritos e encenações de mitos, eram transmitidos aos postulantes os ensinamentos sobre a vida interior, a vida do espírito, a sua verdadeira origem e seu nobre destino, ou seja, ensinamentos sobre o processo da evolução da vida.
Qualquer homem ou mulher poderia postular a iniciação, ao menos nos mistérios menores, os quais eram celebrados com festividades, danças, culminando com o ágape de união entre os presentes e estes com a divindade, por meio do banquete onde eram fornecidos alimentos e bebidas, como símbolo sacramental do compartilhamento fraternal.
A finalidade principal era aniquilar o temor à morte e incutir a certeza da vida do espírito, o que possibilita o desenvolvimento da inteligência, da sabedoria e a conseqüente condução da vida dentro de altos princípios puros e nobres.
Os mistérios menores eram divididos geralmente em quatro etapas, envolvendo a purificação, realizada por banhos e abstinência de certos alimentos, a transmissão do conhecimento feita pelo sacerdote ou hierofante, o rito envolvendo a revelação de símbolos sagrados, objetos e imagens, apresentação de cânticos, danças ou dramatização e finalmente o ágape já comentado.
Há registro de que Platão, Heródoto, Sólon, Pitágoras, Demócrito, Thales de Mileto, entre outros, foram iniciados, assim como Jesus, Salomão e Moisés, pela natureza do conhecimento por eles legado.
Existiram várias escolas de mistérios, as quais são citadas no quadro acima, podendo-se fazer a correlação das similaridades entre as mesmas, verificando tratar-se da mesma fonte de origem, embora com particularidades próprias da cultura de cada povo, com seus mitos e tradições específicos, mas sem fugir do fundamento principal, que era o da redenção humana.
Os mistérios maiores eram divididos em dois níveis, os quais pela história pouco se sabe, já que eram realizados sob o sigilo dos seus membros, pois os mesmos faziam votos de silêncio e obediência, nada revelando sobre o que ocorriam dentro das câmaras ocultas.
No entanto, pela Teosofia, que sintetiza a sabedoria arcana, a religião-sabedoria ou a sabedoria divina, sabe-se que os mistérios maiores eram destinados àqueles que se destacavam e resistiam às provas físicas e psicológicas nos quais eram submetidos, selecionando os que apresentam maior integridade moral e ética, capaz de formar o núcleo de seres que dariam continuidade à manutenção do conhecimento que seriam transmitidos aos novos postulantes, perpetuando-se assim a transmissão oral da verdade espiritual que é a essência humana e que a manifestação da vida provém da unicidade.
Como o conhecimento da verdade desenvolve poderes a quem a possuir (João 8:32 conhecereis a verdade, e a verdade vos libertará), os mesmos eram necessariamente mantidos fechados, sendo revelados a poucos iniciados.
Nos mistérios menores eram transmitidos aspectos da vida denominada astral, correlacionada à personalidade, que é a psique, enquanto os mistérios maiores correspondiam à revelação do mundo do verdadeiro espírito ligado à mesma essência divina e, se estes ideais fossem realmente seguidos por aqueles que se entregam à vida da verdade, estariam iluminados e, portanto, comungavam com a eternidade divina, mesmo na condição de viverem na vida material, possibilitando provarem do êxtase, da epifania ou do estado de samadhi.
Os mistérios apresentavam como homem era constituído, desde os seus princípios divinos até sua natureza inferior.
Os diferentes sistemas apresentam uma estrutura setenária, demonstrando haver uma similaridade entre as tradições.
Na tradição cristã, Paulo, também um iniciado, classificou o homem em espírito, alma e corpo, o que gerou confusão, na medida em que se tornou dificultoso saber os limites que dividem a alma humana e a animal, ensejando mais tarde questões de doutrina, haja vista o que ocorreu no II Concílio de Constantinopla, em 553 dC, onde Justiniano declarou anátema a crença na pré-existência da alma. De que alma se está falando? A humana ou a animal? Se for a animal esta sim não pré-existe, enquanto a humana permanece através das experiências sucessivas dentro da roda de nascimentos e mortes.
Assim, os ensinamentos dos mistérios estavam relacionados à idéia da reencarnação e o evolucionismo do espírito, como pode ser constatada nas bases da filosofia pitagórica, platônica, neo-platônica, e mesmo a cristã, ao menos desde sua origem até o século o meio do século VI.
As origens dos Mistérios de Elêusis
Quando Deméter soube do ocorrido caiu em profunda tristeza e deixou de produzir os alimentos, pois é ela a deusa da fertilidade e que provê todo alimento necessário à vida.
No entanto, pela Teosofia, que sintetiza a sabedoria arcana, a religião-sabedoria ou a sabedoria divina, sabe-se que os mistérios maiores eram destinados àqueles que se destacavam e resistiam às provas físicas e psicológicas nos quais eram submetidos, selecionando os que apresentam maior integridade moral e ética, capaz de formar o núcleo de seres que dariam continuidade à manutenção do conhecimento que seriam transmitidos aos novos postulantes, perpetuando-se assim a transmissão oral da verdade espiritual que é a essência humana e que a manifestação da vida provém da unicidade.
Como o conhecimento da verdade desenvolve poderes a quem a possuir (João 8:32 conhecereis a verdade, e a verdade vos libertará), os mesmos eram necessariamente mantidos fechados, sendo revelados a poucos iniciados.
Nos mistérios menores eram transmitidos aspectos da vida denominada astral, correlacionada à personalidade, que é a psique, enquanto os mistérios maiores correspondiam à revelação do mundo do verdadeiro espírito ligado à mesma essência divina e, se estes ideais fossem realmente seguidos por aqueles que se entregam à vida da verdade, estariam iluminados e, portanto, comungavam com a eternidade divina, mesmo na condição de viverem na vida material, possibilitando provarem do êxtase, da epifania ou do estado de samadhi.
Os mistérios apresentavam como homem era constituído, desde os seus princípios divinos até sua natureza inferior.
Os diferentes sistemas apresentam uma estrutura setenária, demonstrando haver uma similaridade entre as tradições.
Na tradição cristã, Paulo, também um iniciado, classificou o homem em espírito, alma e corpo, o que gerou confusão, na medida em que se tornou dificultoso saber os limites que dividem a alma humana e a animal, ensejando mais tarde questões de doutrina, haja vista o que ocorreu no II Concílio de Constantinopla, em 553 dC, onde Justiniano declarou anátema a crença na pré-existência da alma. De que alma se está falando? A humana ou a animal? Se for a animal esta sim não pré-existe, enquanto a humana permanece através das experiências sucessivas dentro da roda de nascimentos e mortes.
Assim, os ensinamentos dos mistérios estavam relacionados à idéia da reencarnação e o evolucionismo do espírito, como pode ser constatada nas bases da filosofia pitagórica, platônica, neo-platônica, e mesmo a cristã, ao menos desde sua origem até o século o meio do século VI.
As origens dos Mistérios de Elêusis
Embora
se tenha como referência a existência de Elêusis por Homero, conjecturando-se
que o santuário tenha sido criado 600 aC, parece que os mistérios são
ainda mais antigos, com início que pode estar próximo a 2.000 aC, pois existe
uma xícara descoberta por escavações arqueológicas, com gravações de cenas
alusivas a ritos e danças dos festivais eleusinos, com data de 4.000 mil anos
de existência.
De acordo com o hino Homérico, Deméter (Ceres) irmã de Zeus (Júpiter) teve com ele uma filha muito bela chamada Perséfone. Desde o seu nascimento Zeus havia prometido Perséfone a Hades (Plutão), seu irmão e deus das regiões inferiores (Tártaro – o mundo subterrâneo e infernal), sem o conhecimento de sua mãe.
Em certo dia, quando Perséfone estava a colher flores de narcisos, foi surpreendida pela presença de Hades, que a raptou, levando-as para as profundezas de seu reino.
De acordo com o hino Homérico, Deméter (Ceres) irmã de Zeus (Júpiter) teve com ele uma filha muito bela chamada Perséfone. Desde o seu nascimento Zeus havia prometido Perséfone a Hades (Plutão), seu irmão e deus das regiões inferiores (Tártaro – o mundo subterrâneo e infernal), sem o conhecimento de sua mãe.
Em certo dia, quando Perséfone estava a colher flores de narcisos, foi surpreendida pela presença de Hades, que a raptou, levando-as para as profundezas de seu reino.
Quando Deméter soube do ocorrido caiu em profunda tristeza e deixou de produzir os alimentos, pois é ela a deusa da fertilidade e que provê todo alimento necessário à vida.
Deméter está associada à grande mãe (deusa mãe ou talvez mãe da distribuição), ou Do mar, Da mãe, Maya ou Maria, nomes que estão em várias tradições, como a Mãe de Budha, Hermes e Jesus ou mãe de todos nós que a reverenciamos como a mãe da vida.
A vida provém do mar, da água e como isso é universal, também não é diferente dentro da cosmo-visão grega.
Compadecida, a deusa Deméter se disfarçou como uma mulher velha para procurar sua filha, descendo do Monte Olímpo e após ser rejeitada por onde passava chegou até Elêusis (localidade que dista aproximadamente 30 quilômetros ao sul de Atenas) sentando-se próximo da Fonte de Partenos para descansar. Segundo a tradição isso foi durante o reinado do Rei Celeus (historicamente no período Micênico).
Como Celeus ofereceu-lhe sua hospitalidade no palácio, a deusa agradecida se revelou quem ela era e ordenou a Celeus a construção de um templo para ela abaixo da cidade no monte sobre a Fonte Kallichorion. Celeus foi o primeiro sacerdote de Deméter, sendo instruído nos rituais secretos e nos mistérios do culto.
Revoltada com os deuses parecidos com os homens, a deusa fechou-se em seu templo e trouxe seca e fome sobre toda a terra.
Após obter o retorno de sua filha, Deméter fez a terra fertilizar novamente, e ensinou aos eleusianos os ritos para elevarem sua moral e cultivo da terra para melhorarem sua prosperidade material.
O culto de Deméter foi originalmente um culto familiar e local, mas posteriormente se tornou Pan helênico, e mundial, após o domínio Romano.
Os Mistérios Eleusianos se tornaram um culto Pan Helênico pelos Atenienses, sendo celebrados duas vezes ao ano. Os Mistérios Menores, que eram o primeiro estágio da iniciação, ocorriam no início da primavera (Solstício de Primavera) no mês de Março em Agra, um subúrbio de Atenas próximo do rio Ilissos. Durante o seu curso, os sacerdotes dos Mistérios preparavam os candidatos para receberem a iniciação dentro dos Mistérios Maiores, que eram celebrados no outono no mês de Setembro.
Nos mistérios menores, ao primeiro dia ou 14º dia do mês iniciava-se uma procissão com o Sacerdote à frente, partindo de Elêusis à Atenas, portando símbolos sagrados para Ágora, sob a colina de Acrópole. No 15º dia o Hierofante proclamava as festividades, as quais iniciavam no 16º dia com cerimônia de purificação.
É importante destacar o caráter universal dos mistérios, pois era dado a todos o direito de participar, incluindo escravos, exceto pessoas culpadas de assassinato e profanação ou que não falassem grego. Naturalmente, assassinos ou profanos não reuniam as condições mínimas para a iniciação, assim como os que não conheciam a língua não poderiam compreender as instruções, já que eram orais.
Entre o 17º e 19º dias era realizada a procissão com Iacchus (Baco ou Dioniso) à frente conduzindo os símbolos sagrados de volta para Elêusis. A procissão terminava no grande exterior do Santuário, onde era recebida pelos sacerdotes sendo apresentadas danças ao longo de toda a noite em honra a deusa.
A vida provém do mar, da água e como isso é universal, também não é diferente dentro da cosmo-visão grega.
Compadecida, a deusa Deméter se disfarçou como uma mulher velha para procurar sua filha, descendo do Monte Olímpo e após ser rejeitada por onde passava chegou até Elêusis (localidade que dista aproximadamente 30 quilômetros ao sul de Atenas) sentando-se próximo da Fonte de Partenos para descansar. Segundo a tradição isso foi durante o reinado do Rei Celeus (historicamente no período Micênico).
Como Celeus ofereceu-lhe sua hospitalidade no palácio, a deusa agradecida se revelou quem ela era e ordenou a Celeus a construção de um templo para ela abaixo da cidade no monte sobre a Fonte Kallichorion. Celeus foi o primeiro sacerdote de Deméter, sendo instruído nos rituais secretos e nos mistérios do culto.
Revoltada com os deuses parecidos com os homens, a deusa fechou-se em seu templo e trouxe seca e fome sobre toda a terra.
Após obter o retorno de sua filha, Deméter fez a terra fertilizar novamente, e ensinou aos eleusianos os ritos para elevarem sua moral e cultivo da terra para melhorarem sua prosperidade material.
O culto de Deméter foi originalmente um culto familiar e local, mas posteriormente se tornou Pan helênico, e mundial, após o domínio Romano.
Os Mistérios Eleusianos se tornaram um culto Pan Helênico pelos Atenienses, sendo celebrados duas vezes ao ano. Os Mistérios Menores, que eram o primeiro estágio da iniciação, ocorriam no início da primavera (Solstício de Primavera) no mês de Março em Agra, um subúrbio de Atenas próximo do rio Ilissos. Durante o seu curso, os sacerdotes dos Mistérios preparavam os candidatos para receberem a iniciação dentro dos Mistérios Maiores, que eram celebrados no outono no mês de Setembro.
Nos mistérios menores, ao primeiro dia ou 14º dia do mês iniciava-se uma procissão com o Sacerdote à frente, partindo de Elêusis à Atenas, portando símbolos sagrados para Ágora, sob a colina de Acrópole. No 15º dia o Hierofante proclamava as festividades, as quais iniciavam no 16º dia com cerimônia de purificação.
É importante destacar o caráter universal dos mistérios, pois era dado a todos o direito de participar, incluindo escravos, exceto pessoas culpadas de assassinato e profanação ou que não falassem grego. Naturalmente, assassinos ou profanos não reuniam as condições mínimas para a iniciação, assim como os que não conheciam a língua não poderiam compreender as instruções, já que eram orais.
Entre o 17º e 19º dias era realizada a procissão com Iacchus (Baco ou Dioniso) à frente conduzindo os símbolos sagrados de volta para Elêusis. A procissão terminava no grande exterior do Santuário, onde era recebida pelos sacerdotes sendo apresentadas danças ao longo de toda a noite em honra a deusa.
Entre os 20º e 22º dias eram realizados os ritos de iniciação, onde os mesmos entravam no Telestério (câmara interna dentro do Templo) e lhes eram mostradas relíquias sagradas de Deméter (a espiga de milho sendo colhida em silêncio).
No 23º dia os iniciados retornavam aos seus lares, satisfeitos, esperançosos e confiantes na vida.
Se os Mistérios Menores começavam com o solstício de primavera (início da vida), os mistérios maiores eram realizados em 23 de setembro, no solstício de outono (fim da vida), como ritos e instruções relacionados ao processo da morte e da vida do espírito. Eram reservados, sem o apelo popular caracterizado pelos mistérios menores.
O Santuário de Elêusis sobreviveu até o início dos anos 400 dC, quando foi destruído pelas invasões dos bárbaros Godos, porém já se encontrava em decadência pela degeneração do culto e pela perseguição promovida pelos cristãos fundamentalistas que foram se formando dentro de uma concepção de intolerância, iniciada a partir do I Concílio de Nícéia, em 325 dC, quando foram proclamados os quatro evangelhos considerados verdadeiros, enquanto outros de igual valor (Evangelhos Gnósticos) foram declarados apócrifos e “destruídos”, embora os padres do deserto mantiveram muitos manuscritos preservados e que agora começam a ser relevados após a descoberta da biblioteca de Nag Hammadi, no Egito, em 1945.
Essa intolerância culminou no ano de 415 dC, com a destruição definitiva da Biblioteca de Alexandria e o assassinato de Hipátia, por uma turba incitada pelo Bispo Cirilo. Hipátia, última diretora da biblioteca, a bela filósofa, mulher de grande inteligência e sabedoria, era sacerdotisa de outra escola de mistério, o Serapeu que funcionou anexa à Biblioteca.
Tempos difíceis, de intolerância e ignorância. Talvez o início da idade das trevas devesse ser fixado a partir desse terrível evento.
Os mitos apresentados nos Mistérios de Elêusis e seus significados ocultos
Na realidade todos nós somos narcisos, na medida em que somos belos e perfeitos enquanto espíritos. A nossa beleza está intimamente ligada à nossa origem divina, pois somos expressões da mesma fonte da deidade.
No entanto, quando mergulhados na matéria, representada pelo elemento água, que simboliza as emoções e as paixões humanas, nós nos perdemos nas teias da ilusão e dos enganos, negando a nossa verdadeira essência e vivendo as vicissitudes próprias do reino do ego psicológico, até que se abra o caminho da regeneração por meio da conscientização de nossa natureza inferior, matizada por erros e defeitos, com possibilidade real de iluminação.
A Teosofia nos traz uma didática exposição sobre esta questão, ao demonstrar que enquanto espíritos somos Vontade, Sabedoria e Inteligência (os três princípios divinos) que se manifestam em suas contrapartes materiais em (Ação, Mente cognitiva e Emoção).
Esta projeção dos três princípios com as contrapartes inferiores perfazem três eixos interdependentes, até que possamos aprender pelas experiências de vidas o domínio completo no uso da matéria e sermos hábeis na solução dos problemas e no uso de todas as coisas que nos mantém presos à vida no mundo do fenômeno.
No 23º dia os iniciados retornavam aos seus lares, satisfeitos, esperançosos e confiantes na vida.
Se os Mistérios Menores começavam com o solstício de primavera (início da vida), os mistérios maiores eram realizados em 23 de setembro, no solstício de outono (fim da vida), como ritos e instruções relacionados ao processo da morte e da vida do espírito. Eram reservados, sem o apelo popular caracterizado pelos mistérios menores.
O Santuário de Elêusis sobreviveu até o início dos anos 400 dC, quando foi destruído pelas invasões dos bárbaros Godos, porém já se encontrava em decadência pela degeneração do culto e pela perseguição promovida pelos cristãos fundamentalistas que foram se formando dentro de uma concepção de intolerância, iniciada a partir do I Concílio de Nícéia, em 325 dC, quando foram proclamados os quatro evangelhos considerados verdadeiros, enquanto outros de igual valor (Evangelhos Gnósticos) foram declarados apócrifos e “destruídos”, embora os padres do deserto mantiveram muitos manuscritos preservados e que agora começam a ser relevados após a descoberta da biblioteca de Nag Hammadi, no Egito, em 1945.
Essa intolerância culminou no ano de 415 dC, com a destruição definitiva da Biblioteca de Alexandria e o assassinato de Hipátia, por uma turba incitada pelo Bispo Cirilo. Hipátia, última diretora da biblioteca, a bela filósofa, mulher de grande inteligência e sabedoria, era sacerdotisa de outra escola de mistério, o Serapeu que funcionou anexa à Biblioteca.
Tempos difíceis, de intolerância e ignorância. Talvez o início da idade das trevas devesse ser fixado a partir desse terrível evento.
Os mitos apresentados nos Mistérios de Elêusis e seus significados ocultos
Os mistérios de
Elêusis estão relacionados aos mitos de Narciso; Perséfone ou Proserpina;
Minotauro; Dioniso ou Baco e Hermes ou Mercúrio, os quais eram abordados nas
iniciações.
Quando citamos o mito de Perséfone, comentamos que ela estava a colher narcisos, flor de rara beleza e que se associa ao mito de Narciso, filho de um deus-rio e de uma ninfa.Narciso foi concebido belo e perfeito e quando ele vê seu rosto refletido em um espelho de água, imediatamente se apaixona pela sua própria imagem e se perde na auto-admiração, centrado no próprio ego e passa a negar tudo o que não provém dele próprio, como podemos ver na magnífica obra de Caravaggio.
Quando citamos o mito de Perséfone, comentamos que ela estava a colher narcisos, flor de rara beleza e que se associa ao mito de Narciso, filho de um deus-rio e de uma ninfa.Narciso foi concebido belo e perfeito e quando ele vê seu rosto refletido em um espelho de água, imediatamente se apaixona pela sua própria imagem e se perde na auto-admiração, centrado no próprio ego e passa a negar tudo o que não provém dele próprio, como podemos ver na magnífica obra de Caravaggio.
Na realidade todos nós somos narcisos, na medida em que somos belos e perfeitos enquanto espíritos. A nossa beleza está intimamente ligada à nossa origem divina, pois somos expressões da mesma fonte da deidade.
No entanto, quando mergulhados na matéria, representada pelo elemento água, que simboliza as emoções e as paixões humanas, nós nos perdemos nas teias da ilusão e dos enganos, negando a nossa verdadeira essência e vivendo as vicissitudes próprias do reino do ego psicológico, até que se abra o caminho da regeneração por meio da conscientização de nossa natureza inferior, matizada por erros e defeitos, com possibilidade real de iluminação.
A Teosofia nos traz uma didática exposição sobre esta questão, ao demonstrar que enquanto espíritos somos Vontade, Sabedoria e Inteligência (os três princípios divinos) que se manifestam em suas contrapartes materiais em (Ação, Mente cognitiva e Emoção).
Esta projeção dos três princípios com as contrapartes inferiores perfazem três eixos interdependentes, até que possamos aprender pelas experiências de vidas o domínio completo no uso da matéria e sermos hábeis na solução dos problemas e no uso de todas as coisas que nos mantém presos à vida no mundo do fenômeno.
Como
vimos, Perséfone, filha dos deuses, vivia no mundo divino e ao colher narcisos
estava a procurar a sua manifestação no mundo do fenômeno, até que raptada por
Hades, deus das profundezas, é levada à viver com ele, ser estuprada
diariamente e submetida aos ditames impostos por aquele que ceifou
sua liberdade.
Hades, dentro da iconografia, personifica a morte, assim como seu pai Cronos (Saturno), porém a morte aqui deve ser encarada sob o ponto de vista do espírito. Quando agrilhoado ao corpo físico é ele quem está morto, ao menos para a sua realidade divina, como diz Platão em Fédon que “o corpo é o sepulcro da alma”.
Assim, Hades é aquele que fez com que Perséfone não só descesse ao plano da matéria como também perdesse sua virgindade divinal, criando uma atmosfera que, paradoxalmente, vinculou-a com o próprio amante, fazendo com que ela gostasse da terrível vida que experimentava.
Parece
que realmente também somos Perséfones a viver no mundo em que somos violentados
em nossa natureza mais sublime, fazendo com que sejamos escravos dos nossos
próprios desejos pelo poder ilegítimo e espúrio.
A revolta de Deméter, na medida em que trouxe a seca e a fome sobre toda a terra, criou uma situação em que colocava a vida da manifestação sob ameaça, assim como a ameaça do próprio reino dos deuses, pois a existência dos deuses somente é possível se existirem os homens, suas criaturas. Assim Deuses e Homens são interdependentes.
Após o envio por Zeus de vários emissários às profundezas (Tártaro) para negociar com Hades uma solução, onde pudesse libertar Perséfone e restaurar a ordem no mundo, sem que os mesmos pudessem pelo menos serem colocados em sua presença, pois eram imediatamente destruídos, Hermes (Mercúrio), o filho mais novo de Zeus e seu mensageiro, foi designado para a difícil missão.
Todavia, Hermes que era mestre entre várias artes incluindo a comunicação e a retórica, conseguiu estar na presença de seu tio e apresentou um argumento lógico e consistente, que fez com que Hades, após raciocinar sobre o assunto, resolvesse a questão de forma diplomática.
Hermes simplesmente expôs que os homens estavam morrendo de inanição e em curto período não haveria mais vida a alimentar o processo de nascimento e morte, colocando o reino dos mortos também sob ameaça. Não havendo mais mortos, não haveria mais a necessidade do Tártaro e não havendo mais o mundo das profundezas não haveria a necessidade do reinado do próprio Hades.
Hades, igualmente astuto e compreendendo o perigo da situação, faz um acordo para que Perséfone possa passar nove meses na superfície, ao lado de sua mãe, mas os três meses restantes, ela teria que estar em sua companhia.
Essa é a poética visão dos gregos antigos para a existência das quatro estações do ano, onde nove meses (Primavera, Verão e Outono) são produtivos e três meses (Inverno) a vida entra em dormência, numa alusão à morte.
Solstícios de Primavera e de Outono, vida e morte, mundo dos deuses e dos homens, associados aos mitos era o alimento para a compreensão dos mistérios.
Na tradição védica existe um símbolo que traduz toda a manifestação do espírito na matéria que é o Sri Yantra (O Senhor dos Yantras), demonstrado na figura abaixo à direita que contém vários trígonos entrelaçados.
Um Yantra é uma
mandala (força propulsora visível) e está correlacionada com um mantra (força
propulsora invisível) que contém o som primordial do início dos tempos.
Lembramos como João inicia seu Evangelho que é considerado o mais esotérico dos
quatro (João 1:1 No princípio era o Verbo, e o Verbo estava com Deus, e o Verbo
era Deus).
A mandala, com todo o
jogo de polaridades apresentada, sintetiza a dicotomia da vida, onde ao
vivermos a vida somos submetidos à ambigüidade entre o bem e o mal, a vontade e
o desejo, o ter e o distribuir, o saber cognitivo e a abstração, o passado e o
futuro, o egocentrismo e a percepção da importância do grupo, o utilitarismo e
o altruísmo.
A vida de todos
circunda entre esses pólos pendendo ora para um, ora para outro, sendo que a
saída de conciliação é o ponto focal: o interior da mandala.
A mandala é o
labirinto da vida, onde nós estamos enredados nos descaminhos que não levam
facilmente à verdadeira saída.
Os gregos representavam a mesma verdade com o mito do Minotauro.
O mito se passa na ilha de Creta, no reino de Minos, onde o mesmo faz um acordo com o deus Poseidon (Netuno) onde em troca da invencibilidade ele devia oferecer o melhor touro de seu plantel. Um magnífico touro branco.
Os gregos representavam a mesma verdade com o mito do Minotauro.
O mito se passa na ilha de Creta, no reino de Minos, onde o mesmo faz um acordo com o deus Poseidon (Netuno) onde em troca da invencibilidade ele devia oferecer o melhor touro de seu plantel. Um magnífico touro branco.
Como Minos era egocêntrico, arrogante e mal intencionado ele presenteia o deus com outro touro de segunda linhagem.
Mas Poseidon descobre a fraude e trama uma vingança, fazendo com a rainha Pasífae, esposa de Minos, tenha um desejo súbito pelo touro branco.
Pasífae encomenda uma roupa de vaca a Dédalo, o maior arquiteto da época, para que assim possa seduzir o Touro, o que de fato ocorre, consumindo o ato, engravidando-se.
Quando do nascimento do rebento, para a surpresa de Minos, vêm à luz um monstro, como corpo de homem e cabeça e pernas de Touro e para esconder a sua vergonha, encomenda ao mesmo Dédalo, a construção nos porões do impressionante palácio de Knossos (existente há 4.000 – berço da civilização Minóica) um labirinto para aprisionar a criatura.
No entanto, Minos, por ser invencível, saiu vitorioso de uma guerra travada contra o rei Egeu de Atenas.
Pela derrota, Egeu tinha que enviar, a cada período de nove anos, 7 casais de jovens, que seriam oferecidos como alimento ao Minotauro.
É interessante fazermos uma alusão a esses números, pois segundo a tradição- sabedoria são 777 vidas para a saída de samsara. Os três ciclos de 9 anos perfazem 27 anos. São números sagrados, pois estão relacionados à estrutura ternária, como já vimos.
Egeu tinha um filho destemido, inteligente e preparado na arte da guerra, chamado Teseu e quando do envio da terceira remessa de jovens, ele se faz incluir junto ao grupo.
A chegar a Creta ele conhece Ariadne, filha de Minos e os dois se apaixonam e antes de ser enviado ao Labirinto, Teseu ganha de Ariadne uma espada e um novelo de linha, para que pudesse usar como guia fixando-a na entrada do labirinto o que permitiria descobrir o caminho de volta à saída.
Quando do nascimento do rebento, para a surpresa de Minos, vêm à luz um monstro, como corpo de homem e cabeça e pernas de Touro e para esconder a sua vergonha, encomenda ao mesmo Dédalo, a construção nos porões do impressionante palácio de Knossos (existente há 4.000 – berço da civilização Minóica) um labirinto para aprisionar a criatura.
No entanto, Minos, por ser invencível, saiu vitorioso de uma guerra travada contra o rei Egeu de Atenas.
Pela derrota, Egeu tinha que enviar, a cada período de nove anos, 7 casais de jovens, que seriam oferecidos como alimento ao Minotauro.
É interessante fazermos uma alusão a esses números, pois segundo a tradição- sabedoria são 777 vidas para a saída de samsara. Os três ciclos de 9 anos perfazem 27 anos. São números sagrados, pois estão relacionados à estrutura ternária, como já vimos.
Egeu tinha um filho destemido, inteligente e preparado na arte da guerra, chamado Teseu e quando do envio da terceira remessa de jovens, ele se faz incluir junto ao grupo.
A chegar a Creta ele conhece Ariadne, filha de Minos e os dois se apaixonam e antes de ser enviado ao Labirinto, Teseu ganha de Ariadne uma espada e um novelo de linha, para que pudesse usar como guia fixando-a na entrada do labirinto o que permitiria descobrir o caminho de volta à saída.
Teseu assim procede e no interior do labirinto mata o
touro, sai e foge com Ariadne para fora de Creta.
O que nos diz esse
mito?
O labirinto como já
vimos é a própria vida com toda a sua complexidade apresentada, onde nós
somos colocados em situações que nos devoram.
O grande motivador
das situações que nos mantém presos à condição da matéria são os desejos,
nitidamente simbolizado pela figura do touro.
Na astrologia o touro é um signo fixo, de terra, regido por Vênus, que personifica a relação sensorial que temos com todas as coisas do mundo.
Não adentramos ao labirinto. Nós somos o próprio labirinto e somente podemos sair se matarmos o touro do desejo que habita em nossa psique. E para matá-lo a chave é o fio de Ariadne.
Na astrologia o touro é um signo fixo, de terra, regido por Vênus, que personifica a relação sensorial que temos com todas as coisas do mundo.
Não adentramos ao labirinto. Nós somos o próprio labirinto e somente podemos sair se matarmos o touro do desejo que habita em nossa psique. E para matá-lo a chave é o fio de Ariadne.
Mas o que é o fio de
Ariadne?
O maior símbolo de Hermes
é o seu caduceu, tão desvirtuado no mundo de hoje, onde ele simplesmente é
usado como emblemas de profissões como contadores, comerciantes, médicos e
farmacêuticos.
No entanto o que revela este símbolo é de grande profundidade.
O caduceu é a nossa coluna espinhal por onde passam nadis, que são canais por onde flui o prana conectando com os sete principais chakras, com funções supra-sensoriais. Os principais nadis são Sushumna (coluna) e Ida e Pingala, representadas pelas serpentes.
A Sushumna segue o alinhamento da coluna vertebral (cerebro-espinhal) e flui da extremidade inferior da mesma até chegar a extremidade da cabeça, enquanto que Ida e Pingala são relacionadas aos dois hemisférios do cérebro, que descem e sobem serpenteando em torno da coluna. Ida é o princípio feminino (lunar, Yin) enquanto Pingala é masculino (solar, Yang).
O caduceu é a nossa coluna espinhal por onde passam nadis, que são canais por onde flui o prana conectando com os sete principais chakras, com funções supra-sensoriais. Os principais nadis são Sushumna (coluna) e Ida e Pingala, representadas pelas serpentes.
A Sushumna segue o alinhamento da coluna vertebral (cerebro-espinhal) e flui da extremidade inferior da mesma até chegar a extremidade da cabeça, enquanto que Ida e Pingala são relacionadas aos dois hemisférios do cérebro, que descem e sobem serpenteando em torno da coluna. Ida é o princípio feminino (lunar, Yin) enquanto Pingala é masculino (solar, Yang).
A respiração adequada estimula o serpentear do fluxo de energia sendo capaz se associada a práticas de uma vida pura e sagrada, levar ao despertar da iluminação, irradiando para o centro coronário (ligado à pineal ou epífise) e permitindo a conexão com o supra-consciente ou ao plano divino.
Na iconografia cristã é a aura irradiada sobre a cabeça dos santos e isso não é mera ilustração, é uma verdade conhecida desde as eras arcanas.
Na tradição egípcia também isso é representado, como se pode perceber nas máscaras mortuárias dos faraós, onde sobre a cabeça manifesta-se a serpente, conforme foto de abaixo à direita de Tutankamon.
Na iconografia cristã é a aura irradiada sobre a cabeça dos santos e isso não é mera ilustração, é uma verdade conhecida desde as eras arcanas.
Na tradição egípcia também isso é representado, como se pode perceber nas máscaras mortuárias dos faraós, onde sobre a cabeça manifesta-se a serpente, conforme foto de abaixo à direita de Tutankamon.
As escolas de mistérios, embora tenham sido extintas no passado, pela perseguição, intolerância e interesse de domínio do ser humano, tornando-o refém de dogmas e superstições, ainda continuam vivas e pulsantes, principalmente nos corações daqueles que almejam verdadeiramente comungar da mesma essência que provê a vida. O Uno.
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